quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um pouco da minha história

Toda vez em que vejo um médium novo colocando a roupa branca pela primeira vez (grande insígnia da prática mediúnica na Umbanda), lembro do dia em que eu coloquei pela primeira vez a minha. O coração afobado, o rosto afogueado, tremia que só, sentia uma alegria, uma emoção, tudo era luz e ritmo. Me sentia tão grata por poder estar ali, fazendo parte daquela beleza toda. Na primeira noite, na chegada, ainda sem saber o que tinha que fazer, nem como me posicionar, não me contive, fui até a frente do Congá e conversei com a imagem de Jesus que ali estava - grande, iluminada, bondosa e, na prosa toda pedi para nunca deixar de ser um instrumento do Amor Maior. Chorei, claro, porque quem me conhece sabe que para cair lágrima desses olhos basta estar olhando (rsrs). Brincadeiras a parte, chorei, porque ali eu senti uma força tão grande, que intimamente eu sabia que era um caminho apenas para a frente e para o Bem. Parecia que eu tinha voltado para casa, a casa dos espíritos, a casa do meu espírito.
Até hoje me emociono em lembrar...
Depois a cantoria, as palmas, os movimentos de corpo, o axé das entidades, os olhos curiosos, aprender a cambonear, aprender a conviver com as Entidades, os ritos, os mistérios, sempre tanta encantaria, tanta lindeza...Descobri como é ser filha de Ogum e de Iemanjá. A força e poder gerador deles sempre me guiaram, mesmo na minha ignorãncia...Assim, as escolhas foram me levando para outras Giras, conheci pessoas
impagáveis e insubstituíveis no trato e no entendimento das vivências mediúnicas. Não conheci o que era a solidão junto aos Mentores, fiz e ainda faço amigos espirituais maravilhosos, únicos.
Aprendi a conversar com eles, a respeitar e, com eles sorrir e rir pra Vida. "Pra tudo dá-se um jeito...desde que se tenha Fé, minha filha!"
Os anos foram passando e com eles o entendimento sobre o que é Umbanda, o que significa vestir o branco e ser médium foi se construindo e consolidando.
Aprendi a me posicionar perante meus irmãos de Fé, aprendi a me posicionar perante a minha própria mediunidade e, por consequência, em minha Vida. Entendi que a mediunidade é importante, mas nada paga a compreensão e aceitação de si mesmo e da sua responsabilidade.
Nem tudo foram flores e alegrias, houveram decepções, lamentos, revolta, preconceitos, incompreensão. Mas escolhi sempre seguir em frente, como ainda sigo.
Hoje, percebo o que é ser filha de todos os Orixás :"Somos filhos das estrelas"- ensina a mentora... E desse jeito vou tentando, por meio de meu Pai e de minha Mãe, vivenciar e aprender com as demais energias divinas que emanam da natureza.
As descobertas ainda são grandes, a alma, agora um pouco mais calejada, tem aprendido o silêncio, a responsabilidade e o compromisso. A aprendizagem não está sequer próxima do fim (ainda bem!!!). Ainda sinto muita alegria, mas agora, estando de um outro lado...assumindo a formação de tantos outros médiuns, que como eu, fazem dessa religião uma forma de busca por si mesmo e pelo entendimento da Vida em seu maior sentido:como espíritos!
Sei que a Jornada ainda é longa e, feita a maior parte em passos curtos e lentos. Sei que não estou sozinha e, assim como na primeira vez que coloquei a roupa branca, venho tentando me posicionar a serviço do Amor Maior.
As provas são muitas, os obstáculos também - tanto internos quanto externos. Mas o crescimento é feito no desafio, não é? E esse é só o começo da história...
Muito Axé a todos!
Salve a Umbanda!
Salve o Povo de Aruanda!
Abraços,
Nelly

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