quinta-feira, 18 de outubro de 2012

umbanda e drogas

Texto retirado de
http://xamsnaumbanda.blogspot.com.br/2012/02/umbanda-e-as-drogas.html

No início, tudo parece fogos de artifício, dia de festa, brilho, sagacidade, facilidades, satisfação, prazer sem fim, bem estar.
Na verdade, entretanto, trata-se de um fogo fatal. Parece uma brincadeira, em meio a amigos, um instrumento sociabilizante, mas é um jogo mortal. Iludem-se quem pensa estar no comando, as cartas na verdade, são marcadas, estão nas mãos dos Senhores da Destruição.

Não se pode minimizar, as drogas estão matando e fazendo matar mais do que nunca. É arma nefanda, utilizada com objetivo preciso, com resultados inesperados e de longo alcance. A droga pesada quando entra em uma casa, não destrói uma pessoa, mas uma família. Remove aos poucos a vontade do usuário. O coloca à mercê de agentes do Mal, que são manipulados por forças obscuras, que não querem saber de Progresso, nem de resgate, se regozijam com a escuridão, ignorância, maldade, falta de sentimentos.

Aí está a chave, retirar do humano o que é mais humano: seu sentimento, sua capacidade de discernir o bem, o mal, perceber limites, considerar excessos. Sem capacidade de sentir, o ser humano se torna um autômato, não diferencia o que é bom para si, não desenha sonhos, não anseia por subir os degraus da evolução. O homem que não sente, é o mesmo que estar morto, só que ainda está ocupando um espaço, provavelmente incomodando muita gente, consumindo alimentos, roupas, espaço, num modus vivendi terrivelmente egoísta, pois assim como perde a conexão de sentir, desconecta-se consigo mesmo e com o outro, mergulhado apenas numa tentativa de anestesiar alguma dor que não conseguiu superar, iludindo-se que através da droga, vai ter coragem para atingir aquela posição que no seu normal acha não ter capacidade, desintegrar um medo dentro de si, de sua solidão, de sua falta de objetivos, enfim, a droga é um problema que se iniciou como tentativa de solução de algo profundo, mal resolvido, uma rota errada para alguém que já estava sem norte, e sem quem o norteasse.
(...)

Enfim, é matéria, e matéria pesada, que no astral é feito uma substância amorfa e aderente, que se espalha extensivamente ao redor, tudo contaminando, com uma capacidade de impregnação profunda e difícil limpeza. Ao ser ingerida, inalada ou injetada, a contraparte etérea da droga, além dos conhecidos efeitos deletérios sobre o corpo físico, se espalha como uma teia por todas as conexões energéticas, penetra em todos os chacras, ativando-os grotescamente, em especial o chacra genésico, atuando então sobre a vida sexual da pessoa, levando-as a novos erros e desacertos, e deformando profundamente este vórtice, por séculos afora. Também atua no chacra cardíaco, anulando os sentimentos como já comentado, no laríngeo, de onde deturpa a qualidade da fala, de modo que sua conversa passa a ser grosseira e agressiva e chega ao chacra coronário, onde ocorrem os mais terríveis desatinos, escancarando os portais íntimos aos mais terríveis obssessores e vampiros. A corrosão causada pela energia etérea da droga pode ser comparada a reações de contaminação atômica. Não admira que tantos crimes são cometidos em seu nome.

Estamos falando de drogas pesadas, que causam dependência, e o vício causado por essas, é dificílimo de ser erradicado apenas pela força da vontade. É necessária muita força interior, e a presença de alguém que lhe sustente com seu Amor, Carinho e Saúde, para dissipar as trevas interiores. Frequentemente não é nesse mundo que se consegue esta força, e ela vem do Mundo Espiritual, mediante o pedido de Fé incondicional daqueles que ao viciado estão ligados. Através de orações, e a Esperança que as Forças Maiores irão socorrer. E sempre que um pedido é feito com o coração, de algum modo ele será visto pelos espíritos protetores e o auxílio virá de diferentes formas, às vezes por momentos de susto e dor, mas que estarão prevenindo mal maior, através do despertamento e fortalecimento pessoal. Lembramos o livro “Nosso Lar”, quando espíritos abnegados, trabalham no Amor e na Caridade, acumulando “bônus horas”, que poderão ser utilizados no auxílio daqueles que ainda não conseguiram merecimento, e essa é uma mostra da grandiosidade do Amor, transformado em moeda abstrata, mas salvadora, daqueles que se perderam, ou estão prestes a se perder.

Situação muitíssimo mais difícil se encontra, quem é o mercador e aliciador das drogas. Sendo ou não usuário está, com seus atos destrutivos, causando uma deteriorização progressiva de sua estrutura perispiritual, está causando uma corrosão em seu duplo etéreo, em cada grama que vende, seja do que for. É instrumento e ao mesmo tempo o mais inferior dos escravos, pois se tornou de outras vidas, marionete dos Senhores da Destruição, com resgate pelos Emissários da Luz, muitíssimo mais difícil. Neles a Lei foi ultrapassada, e sendo assim, as portas da redenção vão se fechando, até o ponto de desintegração dos chacras, que são os pontos de conexão com o perispírito/duplo etéreo, chegando a não forma, mas não se trata da “Não Forma “ do Zen Budismo, que explica o movimento constante, a Luz se transformando na Escuridão, o Positivo no Negativo, ao se esgotar um movimento no seu limite, se inicia outro. Sim, o movimento irá se reiniciar, mas estes seres geraram a inércia do Nada, de serem nada, perderam o corpo perispiritual, e quando saírem do corpo carnal, não mais poderão pensar, optar, nada de livre arbítrio, apenas ficar a mercê de algozes pelos séculos afora, enquanto tiverem dívidas com a Humanidade terrena.

Os Senhores da Destruição são instrumentos que forçam a superação do homem, desafiam a sua Humanidade quando ele está à margem da Angelitude. São aqueles que estavam no deserto quando Jesus nele se deixou ficar por 40 dias, são agentes indiretos do Progresso, são o Limite oposto a toda Luz e Construção. Aquele que os defrontam sem estar preparado dificilmente sairá ileso.

Não podemos dizer que as drogas sejam um mal necessário, mas sem dúvida um instrumento de DOR compulsória do espírito, ou daqueles envolvidos paralelamente no processo. Nosso planeta já poderia estar livre deste flagelo, se cada um conseguisse olhar para dentro de si, assumisse a roupagem a si atribuída na presente encarnação, observasse seus defeitos e os superasse, aprimorando as qualidades, detectasse as imperfeições de caráter ou elas fossem corrigidas pelas asas amorosas de um coração materno, uma presença paterna, ainda na sua formação. Que os valores materiais fossem minimizados, enquanto maximizados fossem a luz da compreensão, aprendizado, resignação. Que a Felicidade voltasse a ser considerada possível nesse Mundo, nos momentos de Paz interior, de comunhão de Almas, de valor no trabalho verdadeiro e profícuo. Que a inércia, preguiça, maledicência, injúria, inveja e indiferença fossem substituídas pela operosidade, reflexão, perdão, generosidade e Amor. Que cada um, conhecendo-se, pudesse se bastar, sem precisar sair de si para ter serenidade, equilíbrio e bem estar. Que se relacionasse com aqueles ao redor sem atritos, sem sentimentos de inferioridade, ou sensação de supremacia. Que se achasse apenas um filho do Mundo, em missão temporária de aprendizado e serviço. Não precisaria de bens excessivos, nem de necessidade de auto-afirmação, nem ilusões de futuros incertos, nem lamentos de passados que não se modificam. Estaria de pé, dia após dia, movido pelos seus objetivos, suas crenças, seus sentimentos, sem tempo a perder, nem perder-se.

Na Umbanda, são utilizados o fumo e o álcool, mas todo filho de banda sabe que os guias deles se utilizam para obter a força etérea do vegetal, para aplicá-la nos desmanches, nas mandingas, na condução dos seus trabalhos no Bem e na Caridade. A fumaça destrói e afasta larvas astrais e o álcool saneia a ambiência perispiritual do consulente dos objetos do terreiro. Não se abre uma gira sem a queima das ervas de defumação, porque na Umbanda se respeita seus fundamentos. E os índigenas que utilizam ervas alucinógenas, assim com alguns ritos do catimbó, seguem fundamentos sagrados que de forma alguma criarão deteriorização da pessoa, ou causarão dependência. Aquele que for ao terreiro de Umbanda para abusar do álcool e fumo, quando este é permitido, pois os caciques em geral inibem imediatamente qualquer excesso, mas se ainda assim exibem uma atitude exagerada, mostrando alteração, está errando e possivelmente mistificando. A entidade utiliza o álcool tendo cuidado de preservar a capacidade do médium, e ao voltar em Terra, ele nada sentirá dos efeitos do mesmo. Os espíritos que baixarem num terreiro exigindo cachaça e outros estupefaciantes, como maconha por exemplo, como alegam alguns que o façam as entidades da falange do Senhor Zé Pilintra, não são espíritos sérios, nem o serão os seus médiuns se forem iludidos. Estarão, entidade e médium errando e se complicando, pois nada se faz sob a vibração de excessos, estarão ainda desarmonizando a ambiência da gira. A maconha, sob a lei dos homens e na espiritualidade, é proibida, e a Umbanda é uma religião , e uma religião cuida da moral, da retidão e da consciência , no respeito à Lei de Ação e Reação.

Pode ocorrer que o médium se superestime, achando que seus guias o protegerão em quaisquer circunstâncias, e mesmo sendo usuário de álcool, fumo e drogas em excesso, mesmo não sendo disciplinado, alimentando-se de carne vermelha, não respeitando as horas de abstenção sexual, enfim, fiando-se que toda e qualquer indisciplina será superada pela força dos seus guias, poderão de uma hora para outra por eles ser abandonado, perdendo o mediunato, perdendo as forças protetoras, e achar-se no meio de um grande vazio, e o pior, sob a regência das substâncias que o estão escravizando. Sua vida mediúnica será senão destruída, totalmente desarmonizada, e terá muito a resgatar, antes de tudo sua integridade e disciplina, sua humildade e sua Fé, voltando, se disporem, a um doloroso retorno.

De outro modo, há médiuns com intensa dedicação, que são trabalhadores incansáveis e de uma generosidade ímpar, com grande amor à Humanidade e seu coração é cheio de compaixão. Mas infelizmente, acham-se prisioneiros de algum vício. Neste caso, seus guias o protegerão ao máximo, e trilharão com ele enquanto o mesmo estiver na senda do serviço ao próximo, independente do carma que o mesmo estiver gerando para si. Provavelmente encontrarão em algum momento da vida, alguém que possa auxiliá-lo, já que muitas vezes não se sai sozinho de um vício. Estamos aqui para observar, aprender, discernir, nunca para julgar, atacar ou pregar falsa moral.

No Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, na questão 793, já podíamos observar: “Credes que estais muito adiantados porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojas e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e puderdes viver entre vós, como irmãos, praticando a caridade cristã. Até lá, sereis apenas povos esclarecidos, não tendo percorrido senão a primeira fase da civilização”.

O espírito André Luiz, no livro “Nos Domínios da Mediunidade”, psicografado pelo inesquecível Chico Xavier, alerta para os perigos da vampirização, pois uma vez que estamos sempre acompanhados, substâncias como fumo e álcool atrairão desencarnados com estas afinidades, que certamente aproveitarão e absorverão não só os eflúvios tóxicos como o ectoplasma do usuário. O que por certo atrapalha e muito, o desempenho de um médium, principalmente se for médium de terreiro de Umbanda, onde por si já é exigido um grau de doação ectoplasmática.

É importante ressaltar que os médiuns com problemas de dependência, precisarão de cuidados médicos, mas principalmente de cuidados espirituais, pois serão vítimas fáceis de obssessores, perseguidores, estarão fragilizados e necessitarão de grande proteção.

Se formos deixar os nossos queridos pretos velhos falarem a respeito, eles apenas falam que todos os séculos de cativeiro que sofreram nada significam se forem comparados àqueles a que são condenados ao cativeiro das drogas. Toda a dor, suplícios, troncos, fome, sede e frio, isto tudo ocorreu em um tempo pequeno, se comparado ao resgate deste tipo de flagelo.

Pensando nisso tudo, nesse momento, curvamo-nos aos pés de nossos Orixás. Pedimos aqueles que representam as Forças Maiores da realidade Cósmica, que velem cada filho desta Terra, seja ele ou não adepto das verdades da Vida Maior, acreditando ou não na Teoria das vidas sucessivas, na Lei da Reencarnação. Que possamos ser humildes instrumentos para minimizar as manchas que ainda turvam o Progresso da Vida terrestre. Que de alguma forma, mínima que for, estejamos conscientes das correntes energéticas que nos circundam e que possamos identificá-las, filtrando e usufruindo apenas aquilo que nos conduzir ao Bem e à Verdade. Que tenhamos discernimento, paciência, senso de justiça, operosidade, disposição para o Bem, seriedade sem perder a alegria e ação baseada na Fé raciocinada, estudo constante e um caminho reto no coração. Que as Sombras sejam afastadas, a Dor superada, e que tenhamos Força sempre para construir e reconstruir os caminhos. Que reconheçamos aqueles que estão conosco nesta caminhada, aqueles que nos acompanham e nos acompanharão pelos tempos incontáveis, tenhamos cuidado com aqueles que amamos, e respeito quando nos testarem, como instrumentos de Forças Redentoras. Que possamos sentir os Orixás e os seus emissários próximos a nós, sua Força reverberando em nossas almas, e guiados por sua Luz, sigamos construindo nossos caminhos, resgatando nossos carmas sem acumular outras dívidas, e, além disso, estendermos a mão para auxiliar a caminhada de quem está ao lado, de forma desassombrada, porque movidos pela Esperança e pela Fé.

PELO ESPIRITO PHILLERMON – TRANSCRITO PELO MÉDIUM ALEX DE OXÓSSI

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Juventude e Umbanda – parte 2

Juventude e Umbanda – parte 2

A faixa etária indicada para o que compreendemos como juventude é bem extensa, isso devido a alterações próprias da cultura terrena. O que chamo a atenção é que nessa faixa etária encontram-se tantas transformações e tantas descobertas que as oscilações emocionais as vezes tornam-se verdadeiros algozes do espírito.

Os pensamentos de desvalorização de si e do outro, a estima rebaixada, os estados de melancolia, a depressão, os distúrbios alimentares, a bipolaridade, as grandes paixões, são estados emocionais que repercutem no campo espiritual do médium e isso pode se dar de tal modo que em algumas situações leva muitos anos para resgatar o equilíbrio espiritual. Lembremos que os sentimentos definem nossas palavras e nossas ações, o que por seu conjunto definem nosso estado de espírito e nossas companhias físicas e espirituais. Estados emocionais e espirituais se confundem com nossas crenças e tudo isso constrói nossa realidade física e espiritual através das encarnações.

Ensinar o poder realizador de nossos pensamentos, de nossas palavras e de nossas ações como sementes do que queremos colher em um futuro próximo é fundamental, pois ninguém foge ao toque da Lei Maior. Lembremos que o corpo mostra-se jovem e imaturo, mas o espírito que o manifesta é antigo e tem seus débitos, seus compromissos, assim como também tem sabedoria, potencial para a Luz.

Aprendi que uma corrente tem que ser serena, equilibrada, que os médiuns devem ter orientação quanto ao papel como disseminadores de conhecimento, modelo para encarnados e desencarnados e, com base nisso, acredito que a Umbanda deve ser ensinada com valores que vão além da vida dentro do terreiro, coisas simples como dizer Boa noite!, Obrigado!, Desculpe! ou aprender a ouvir quem está ao seu lado, ajudar na manutenção da organização e limpeza do espaço físico são ensinados e reforçados continuamente. Parece coisa de pré-escola as vezes...mas é preciso ensinar a dividir, a querer bem o outro que é diferente, ensinar a encarar a vida de frente sem medo e com respeito, é preciso ensinar a ter auto-estima, a ter uma alimentação mais equilibrada, ensinar a respeitar pai e mãe, e por ai vai...

Por isso, insisto que a Umbanda não é só uma religião de fenônemos, mas de valores. Nossos médiuns precisam disso, nós precisamos disso. A Tenda é o lugar no qual vamos para aprender como viver, hoje não só aprender a viver com a espiritualidade e com a religiosidade, mas aprender a viver em grupo, aprender a viver a vida terrena.
Diante de um mundo no qual o desequilíbrio, a doença e o excesso tornam-se o parâmetro do que é “o normal”, a Umbanda pode ajudar a reverter isso, mesmo que minimamente.

Para nossas crianças e jovens a Umbanda pode representar o apoio para que o compromisso encarnatório se verifique com clareza, com orientação, com proteção, com equilíbrio, com saúde, com alegria e amorosidade...Para tal, é preciso orientar, orientar, orientar sempre sem preconceitos, sem tabus, sem o senso de pecado.

É preciso resgatar o senso de responsabilidade de nossos jovens. Responsabilidade por sua encarnação e pelo caminho daqueles que a sua mediunidade toca e influencia. É preciso fazê-los sentir e vivenciar que sempre é possível ser livre, que a alegria deve ser sincera, espontânea...é possível vivenciar a amorosidade por quem não parece ser seu igual e que ser útil é fundamental para entendermos o que podemos construir em nossa caminhada física e espiritual.
É preciso ensinar a celebrar a VIDA!
Para mim isso é UMBANDA!

Axé!
Nelly

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Juventude e Umbanda

Bom dia pra todo mundo.

Já fazia um tempão que eu não escrevia e, não tem jeito, quem gosta de ensinar sempre algo que quer contar, né? rsrsrsrsrs

Sou mãe de santo, sou uma jovem mãe de santo e tem várias coisas que me saltam aos olhos, talvez pela idade, talvez pela formação anterior, não sei...mas tanto na corrente que oriento, quanto em outros espaços tem certas coisas que me chamam muito atenção. Uma delas vou trazer a tona no texto de hoje: o jovem na Umbanda.

Cada vez mais quando vou aos terreiros e tendas em minha cidade encontro uma multidão de jovens frequentando as assistências e as correntes. Isso é bom, pois percebemos que a espiritualidade está sendo despertada e orientada desde cedo.

Contudo, não podemos esquecer quem é o homem/mulher que está na juventude de seu ciclo vital. Ele é aquele espírito impetuoso, um pouco rebelde, um pouco dono do mundo, que experimenta a euforia e a melancolia de uma forma intensa, passando de um ao outro em poucos minutos. O jovem é aquele que necessita experimentar o mundo, que está ressignificando seu corpo físico, seus sentidos, definindo conceitos como gênero, sexualidade, desejo, amor, vícios, responsabilidade, desafios, educação, beleza, ética e tantos outros aspectos da vida física. Na juventude ele trará para o mundo boa parte de suas bases familiares, suas regras para a condução de sua vida adulta.

O jovem concentra em si um grande potencial para o bom desenvolvimento espiritual pois quer conhecer, quer movimentar-se, quer ser desafiado e precisa desafiar/quebrar paradigmas, quer entender o que o outro ainda não entende, quer sempre sair na frente de algum modo e, atualmente, demonstra possuir um cabedal de informações enorme.

Isso tudo ainda não explica completamente como se dá a juventude, que hoje vai muito além da adolescência, estima-se que o período da juventude esteja modernamente compreendido entre os 12 anos até próximo dos 28, 30 anos de vida. Claro que boa parte desse perfil de juventude é marcada pelo desenvolvimento neurológico e pelas experiências de vida. Claro que existem muitos jovens maduros e sábios para a idade....Porém, o que me chama a atenção é a energia desses jovens dentro de uma gira e os riscos a que estão expostos.

Da mesma forma que temos no jovem um potencial muito grande para re-escrever o futuro, ainda temos elementos que precisam ser vistos de perto e com orientação cuidadosa.

A energia sexual, por exemplo, está em um processo efervescente nessa faixa etária, o que pode tanto ajudar no processo de desenvolvimento mediúnico quanto prejudicá-lo quando mal orientada. Desequilíbrios da sexualidade podem desgastar o jovem que é médium e, as elaborações mentais de cunho pornográfico podem gerar formas pensamentos e levar a conexões com planos muito negativos – que irão sobrecarregar o campo espiritual do jovem que é trabalhador de Umbanda, além claro, de levar partes de sua consciência para planos baixos, densos e viciosos. Que fique claro que a sexualidade em si não tem nada de negativa, os riscos estão no excesso, na falta de orientação, na criação de tabus, na promiscuidade, nos traumas mal trabalhados etc.

Ainda falando na sexualidade, temos a vaidade, a necessidade de exposição e a lascividade. É comum nessa fase da vida que a pessoa queira mostrar-se, pois faz parte da descoberta de si a aceitação pelo outro. No caso da gira, o risco de desequilíbrio vem no flerte ou na paquera dentro de uma corrente, nos comportamentos não condizentes com a serenidade que o espaço requer. Costumo dizer que o espaço do terreiro é sagrado e deve manter-se assim e de modo algum deve tornar-se clube social, baile funk ou corredor de faculdade. Não é saudável o médium ficar namorando ou “pegando” seus irmãos de corrente. Isso é um furo nos laços que fazem de uma corrente um grande elo energético. O que dá lugar a manifestação de obsessores, espíritos cruéis, viciosos, zombeteiros...

É comum na vida fora da gira as pessoas “ficarem” com quem quiserem, sem qualquer tipo de compromisso. Mas dentro de um círculo de desenvolvimento mediúnico isso não deve ser incentivado sem a noção de responsabilidade. A vaidade ainda não burilada também se manifesta de outras formas, entre elas, nas roupas e adereços exagerados, no comportamento chamativo, nas conversas inadequadas, no animismo vicioso, nas comparações entre os processos mediúnicos, no sentimento de inveja quando o outro assume determinadas funções dentro do centro, no ciúme que se manifesta nos relacionamentos, nos ódios sem motivo uns pelos outros e assim por diante.
O vício é outro aspecto que deve ser cuidado. Cada vez mais nossos jovens estão experimentando vários tipos de drogas de maneira extremamente precoce. O uso de bebidas, fumo, medicações ou entorpecentes traz danos – muitas vezes irreparáveis – nos corpos astrais do médium. No caso do médium trabalhador que faz uso de drogas pode-se dizer que ele está alimentando relações obsessivas profundas com os planos trevosos. Daí, como dizer que um médium que usa drogas conseguirá manifestar espíritos de luz? Lembrando que nossas relações espirituais se dão basicamente por afinidade....???
Na cultura da terra é comum o jovem sair com seus amigos e beber até cair, fumar excessivamente, ter relações amorosas e sexuais multiplas - com conhecidos e desconhecidos, experimentar ácidos, alucinógenos, medicações que alteram o estado de consciência....e daí, um dia por semana ele vai ao terreiro, vestir o branco e incorporar... também tem as situações em que ele vai a gira por causa do bonitinho ou da bonitinha que lhe desperta a sexualidade....como ter um trabalho sereno e equilibrado diante dessas condições?

Existem outros riscos relacionados à juventude, o que em outro momento trarei a tona.

Diante de tudo isso posso, com toda segurança, afirmar a mediunidade não fará ninguém santo, mas deve ajudar o espírito encarnado a experimentar um novo modo de viver a vida e os desafios da vida. O desenvolvimento da mediunidade deve levar à espiritualização, ao desapego, à alegria de honrar o seu corpo físico e todo o potencial que todos trazem dentro de si...Em relação aos nossos jovens a Umbanda deve levar a reflexão e a ressignificação dos valores e princípios que dão base para sua vida física. Como um médium da corrente falou dia desses: “umbanda também é arrumar a cama”.
É preciso mostrar que é possível ser alegre, feliz e satisfeito por outros meios que não apenas pelas fugas tão incentivadas pela mídia e pela cultura.

Acredito em uma Umbanda bem simples, com valores, com uma linguagem que emocione e mexa com nossos conceitos mais profundos, que lembre a necessidade da celebração da vida; nesse sentido, com os jovens que frequentam minha corrente aprendo muitas coisas e vejo o quanto eles tem a oferecer de amor e conhecimento para o próximo e para a própria Umbanda, é por isso que fortaleço ainda mais a noção de que todos os médiuns jovens precisam de orientação, de reflexão e de apoio – todos ganharão algo com isso e, pelo menos: a Umbanda ganhará médiuns mais conscientes de suas responsabilidades e o mundo ganhará pessoas melhores.

Um grande abraço,
Nelly