quinta-feira, 13 de junho de 2013

Platéia ou Ator? qual o papel que assumimos diante de um trabalho espiritual?

Olá a todos!

Há algum tempo tive oportunidade de fazer as seguintes reflexões....

Ser filho de Umbanda - independente de ser dirigente, é saber necessária a aceitação da evolução e do desapego de suas crenças negativadoras e de suas ações em desarmonia com objetivos mais elevados.

Tenho refletido muito o quanto as pessoas ainda desconhecedoras desses aspectos próprios à evolução espiritual muitas vezes se aproximam da Umbanda como quem vai ao teatro e, se postam ora como um expectador que acompanha tudo que ocorre lá da platéia e ora como um ator no palco. O problema é que na ignorância dos fenômenos e processos missionários e evolutivos não percebem esses irmãos que passam a observar e vivenciar a experiência energo-religiosa sem o seu sentido sagrado e a partir de alguns esterótipos...


Há aquele irmão que se posta como uma espécie de expectador e que ao ser convidado para ir ao Terreiro nem sabe sobre o que é o espetáculo. Olha tudo sem interesse, não faz comentários pois não tem parâmetros para tal. Está tão alheio que não consegue fazer vínculos com o que vivencia e observa. Nada lhe faz sentido. Estando de branco ou não esse irmão não se sente parte do que ali ocorre. O sentido de sagrado e o chamamento para a doação espiritual talvez ainda não tenham sido despertados em sua alma. Há que ter mais tempo para que isso ocorra.


Há aquele que sendo expectador, gosta de uma bagunça e, em todo e qualquer lugar que vá é sempre o brincalhão, o que chama atenção para si, até mais do que o próprio espetáculo. Esse não percebe o quanto sua conduta não é condizente com os avisos de silêncio do ambiente, também não percebe que suas brincadeiras não são agradáveis aos demais expectadores concentrados no que ocorre no espetáculo. Fala alto, ri alto, solta palavras que não condizem com o momento nem com os presentes, desarmoniza o ambiente e, em muitas situações constrange seus companheiros (físicos e astrais)...gosta de divulgar que esteve no local, de falar que tudo foi muito legal, que foi muito bonito, tem milhões de idéias e sugestões, contudo, é aquela personalidade empolgada mas que desconhece a profundidade do que ali ocorreu e das reais necessidades espirituais do grupo do qual faz parte. Para esse o que importa é o movimento e não o significado. Esse quando está de branco é aquele médium que precisamos orientar, orientar, orientar...sem que ele perca sua alegria e jovialidade, mas ajudando-o a entender quais os fundamentos de conduta (mental, emocional e física) que são adequadas e necessárias dentro e fora de uma gira, para que não se torne veículo de espíritos zombeteiros e desrespeitosos.


Também não é incomum encontrar aquele irmão que quando está na função de platéia se posiciona como o crítico que julga e menospreza o trabalho dos que estão a sua frente. Vendo sempre defeitos, não consegue perceber que tudo que ocorre ali, diante de seus olhos, é fruto de uma construção - que em muitas situações levou séculos para se constituir. Acha sempre que sua opinião é a mais correta e acertada para os outros que - claro - estão ali diante de seus olhos e julgamentos. Ainda estando como crítico na platéia, esquece-se das inúmeras possibilidades que Deus tem para sua manifestação e, passa a então a pregar a meio mundo que o que está ali é apenas uma mera interpretação mal conduzida e deformada da divindade. Não entende, portanto, que TUDO é importante para o crescimento e amadurecimento de todos os filhos de Zambi. Entra e sai do "espetáculo" com uma insatisfação íntima que julga ser pela má qualidade do que assistiu. Contudo, essa insatisfação é fruto de suas próprias crenças e posturas, essas talvez já inúteis para a continuidade fluída e equilibrada de sua jornada pessoal. Esse irmão quando está de branco é aquele que entra para uma corrente mas não consegue despir-se de si mesmo, entendendo que é apenas e somente mais um elo. Passa o trabalho olhando mais do que devia e interpretando o alheio com seus olhos ávidos de erros. Também é aquele que precisará de tempo e orientação para que entenda que todos damos o nosso melhor e que ainda assim erramos...pois o erro faz parte de nossa caminhada. Talvez esse irmão troque de gira, de Casa e até de religião várias vezes até amadurecer.
Este quando está no papel de ator, esquece-se que não se é celebridade dentro de uma gira, mas como demonstra um apego grande às aparências, acaba gostando de ser a "estrela" do "espetáculo" e, então, o ego toma conta. Ignora esta espécie de "ator" que existem fundamentos, regras, normas de conduta, mistérios e amparadores que vão muito além do que o "cenário visível" indica.


E há, aquele expectador que vai com o objetivo de apreciar verdadeiramente o conteúdo do espetáculo. Nem sempre ele tem experiência ou conhecimento sobre o tema ali apresentado, mas sente que há algo que pode ser apreendido, algo que valerá a pena. Sente em sua alma o chamamento profundo da divindade e dedica-se a aproveitar ao máximo a experiência posta. Não julga, não brinca, pois entende que o local e o momento pedem outra conduta. Pode sentir-se inseguro diante dos demais, mas tem clareza do que foi buscar e se atém a isso, com discrição e postura adequada. Esse quando veste o branco se mostra como médium que está disposto a ser útil, aprenderá com facilidade a respeitar o local do Terreiro e seus irmãos de assistência e de corrente, pois já traz em seu intimo a semente missionária já em fase de franca germinação.

A grande reflexão a que cheguei quando estava escrevendo este texto foia seguinte - Seja na passividade da platéia, seja na ação do ator tenho consciência de qual é o papel que assumo diante de um trabalho espiritual?

Da resposta a essa questão nasce alguns dos primeiros frutos da maturidade espiritual.

Boas reflexões...
Axé!
Nelly

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